Eu queria resolver com palavras as contas que eu não sabia fazer,
Na verdade eu sabia fazer,
Mas queria resolver com palavras, por isso não queria fazer.
Eu queria explodir a cabeça de alguem, com palavras,
E ver o sangue escorrendo feito sopa de letrinhas.
Eu poderia te socar, socar até minha mão pesar,
Mas eu queria fazer isso com palavras.
Te espancar, te matar, te acordar, te matar, te matar te acordar acordar,
Te matar. Independente da ordem.
Dizem que as pessoas só acordam pra vida antes de dormir,
Quando pensam em tudo, tudo que fingiram pensar durante o dia.
Dizem que a sanidade absoluta dura menos de um segundo na vida.
Dizem que a vida só começa após a morte. Então quem é são aqui?
Sonhar é quando está dormindo,
Mas eu durmo sem sonhar, e se sonho, nunca consegui lembrar,
Então sonho em acordar ou quando acordo é que começo a sonhar?
Quando faço contas, falo, e se falo, são palavras.
Eu queria resolver as coisas com palavras.
Quando te odeio, te juro maldição, e se juro, grito, em silêncio, estranho.
Covarde. Mas por mim tudo bem, se fica assim.
Eu queria resolver as coisas com palavras, mas das palavras que digo,
Todas são de você,
Só pra mim. Covardia, estranho.
Pode parecer, mas pra mim é mais vingança, ser egoísta e maior,
A ponto de não te fazer merecer nem meia palavra suja que digo de ti.
Mas egoísmo dói,
Pois ego incha, mata, de dentro pra fora, quando explode, feito balão,
Se a gente insiste em encher.
Eu queria resolver as coisas com palavras, mas se me digo, incho, me mato,
Quase que na vontade de um auto-suicídio sem nenhuma intenção,
Mas seria antes disso assassinato a redundância. E se fosse a julgamento
Por ser covarde com as palavras e obrigado a nunca usá-las. Eu,
Que faço uso delas pra poder sonhar.
Já que sonhando estou acordado, estaria assim me condenando a morte,
E morrendo, fico são. Logo,
A lucidez me traz raciocínio e inteligencia para lidar com as contas. E eu,
Que só queria resolver com palavras tudo que não sei, me condeno calcular
Quanto tempo tenho até que minha cabeça exploda por jurar a maldição
Desse sonho lúcido.
0 comentários:
Postar um comentário